Fale um pouco sobre o novo álbum. Como foi a gravação, composição e o que mudou desde o último disco?
Eu estou muito feliz com o resultado desse trabalho. É um projeto feito totalmente em conjunto, resultado da dedicação de uma equipe muito especial. O processo de gravação do novo álbum foi muito interessante porque registramos tudo o que estava acontecendo dentro do estúdio.
Criamos um blog especialmente para o público poder acompanhar o desenvolvimento do disco e poder entender como é feito um álbum. Tive a oportunidade de realizar algumas parcerias com artistas que admiro muito, como Elba Ramalho e Zezé de Camargo & Luciano.
O senhor canta, é padre, escreve e mantém diversas atividades... como concilia tudo isso com sua carreira?
Sou um padre que utiliza todos os recursos que tem, a minha contribuição humana. Desde criança, sempre gostei das linguagens artísticas. E eu acredito nisso como uma proposta de evangelização. A Igreja sempre esteve atrelada a tudo que envolvesse o processo artístico até o momento de ruptura, com o Iluminismo, quando os artistas se revoltam contra a igreja. E o que a gente vive hoje é uma tentativa de retorno mesmo, essa reconciliação entre arte, cultura e religião. E a música e a literatura são instrumentos muito interessantes para a gente poder se comunicar nos dias de hoje.
Depois de lançar um bom número de discos veio esse estouro. Já tinha imaginado isso algum dia?
Não planejei, mas sou consciente de que trabalhei muito para chegar onde estamos hoje. Comecei a trabalhar com música há 13 anos e sempre tive uma compreensão que a melhor escola que o comunicador precisa ter é o conteúdo que ele vai comunicar. Eu estudei 16 anos para ser padre, fiz duas faculdades, uma pós, um mestrado (faculdade de filosofia, pós em filosofia da educação, faculdade de teologia e mestrado em antropologia teológica). Sempre tive a consciência de que para ser um bom comunicador não preciso apenas de formato, ou apenas de conteúdo. Os dois são igualmente importantes.
Como padre, como fica a questão dos lucros obtidos com CDs e shows? Doa alguma parte ou é uma atividade paralela?
Fico sempre muito feliz quando a musica que evangeliza se transforma em possibilidade de gestos de solidariedade. O dinheiro é mais uma possibilidade de confirmação de minha fé . Nem pelo tanto que ele representa ou o que ele pode comprar, mas pelo tanto que exercito o desprendimento dele.
Com ele, comprei vontades humanas respeitados limites coerentes a uma vida de simplicidade. Entretanto, prazeres maiores tenho alcançado quando realizo os eventos beneficentes: Fortaleza para o Frei Hans, Passos para o Hospital do Câncer, Barretos também para o Hospital de Câncer, Padre Airton na Fundação Terra e outros tantos! Fora isso, vou confessar a minha alegria humana de poder oferecer à minha mãe, Dona Ana, uma condição de vida que ela desconheceu por tanto tempo.
Você possui blog, twitter, canal no YouTube... o que significa a internet na disseminação da sua música e da religião?
A Igreja nos disse que temos que utilizar todos os recursos para poder fazer a evangelização acontecer. É maravilhoso a gente poder contar com tantas ferramentas hoje que nos ajudam a estabelecer vínculos, estabelecer pontes. Nós não podemos perder tempo. Hoje toda paróquia já está criando o seu site, disponibilizando informações.
Música e religião sempre andaram juntas. Hoje há um número maior de bandas e cantores ligados ao tema, mesmo no exterior. O que acha das outras religiões que usam a música para divulgar seus pensamentos?
A música é uma grande e poderosa forma de disseminação do conhecimento. Comunico essa possibilidade de anunciar o evangelho, aquilo que é o conteúdo da minha fé, os conteúdos dogmáticos com tudo isso que é cultural. Não só a música como também a literatura são instrumentos muito interessantes para a gente poder se comunicar nos dias de hoje.
Entrevista retirada do site:
Redação Terra ( http://musica.terra.com.br/)
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