Padre Marcelo Rossi é conectado. "Meu irmão, eu sou apaixonado por internet", diz por telefone ao
G1. Mesmo sem acompanhar de perto questões mundanas como os capítulos de "Avenida Brasil" e a polêmica do
pastor que tirou uma foto cheirando a Bíblia, ele usa os "trending topics" para explicar as ideias de "Ágape". O padre ensina que há uma alternativa ao "amor possessivo" da vilã Carminha. Sobre o caso do controverso pastor, Padre Marcelo diz que Jesus "é uma bênção" e não pode ser comparado a uma droga.
O projeto de "Ágape" começou com um livro, já rendeu publicações best-sellers para adultos e crianças, o CD mais vendido de 2011 no Brasil e agora o DVD "Ágape amor divino". O DVD, com participações de Xuxa, Alexandre Pires, Belo e Padre Fábio de Melo, é lançado já com prensagem de 500 mil cópias no Brasil.
Mas ele quer mais. Atualmente está em viagem pela Espanha. Os bastidores da viagem podem ser acompanhados em sua
página no Facebook. Ele gravou em espanhol. Seu objetivo maior é conquistar o público latino-americano no país com maior mercado de entretenimento do mundo. "Quando eu entrar nos EUA, vai bombar", diz. "Eu quero evangelizar. Não importa o lugar. Poder levar a palavra de Deus com certeza me fará muito feliz", explica
G1 - Antes deste DVD, você lançou o livro “Agapinho”, para crianças. Por quê?
Padre Marcelo Rossi - O “Agapinho” surgiu de passar as férias com meus sobrinhos, de cinco e oito anos. Fui brincar com eles, e em vez de jogar futebol, eles gostam de videogames. Percebi que hoje, na maioria dos jogos, quanto mais você mata, mais você pontua. Pensei: “Meu Deus, que geração estamos criando”. Eles acham que vilão é heroi. Houve uma pesquisa que disse que as crianças são vidradas na vilã da novela “Avenida Brasil”. A função do DVD é mostrar que existe outro amor além do Eros, vivido por essa vilã [Carminha], amor possessivo, da vingança, destrutivo, que mata. Ensino que existe um amor diferente. Desinteressado, incondicional, o amor de Deus. Informação é o que não falta. Os pais devem dar é formação.
G1 - Depois de lançar os livros e o CD, você agora lança um DVD. Neste caso, você expõe mais sua imagem. É mais difícil este momento de exposição?
Padre Marcelo Rossi - Já fiz filme com mais de dois milhões de espectadores. Já tenho exposição grande. As pessoas compreenderam minha missão. Ao mesmo tempo, eu lido com a morte. A morte faz com que você saiba que você não é nada. Eu machuquei minha perna e surgiu o livro, para você ver como Deus escreve certo por linhas tortas. Do livro surgiu o CD, do CD surgiu o "Agapinho", do "Agapinho" surgiu o DVD. E logo, indo não só ao Brasil. Quando eu lançar o "Ágape" nos EUA, com certeza vai ser uma explosão. Tenho planos maravilhosos. Mas toda a renda eu dedico ao Santuário.
G1 - E como está esse trabalho internacional?
Padre Marcelo Rossi - Fui a Portugal recentemente. Viajo agora para a Espanha, para lançar o livro. Já está fechada a Itália para o ano que vem. O livro já foi lançado na Ucrânia, Polônia, Coreia do Sul, vários países estão pedindo. A grande porta é a Europa. Gravei duas músicas em espanhol para mostrar que meu trabalho começou com música nos programas de TV da Espanha. E aí quando eu entrar nos EUA vai bombar. Eu sei disso pois já fui lá fazer evento para os brasileiros. Em um ginásio para 10 mil tinha mais de 15 mil. E ao mesmo tempo pega outros latino-americanos. É o público alvo que você pode atingir lá. Os EUA são uma meta muito legal.
G1 - Depois de tanto sucesso no Brasil, ter o sucesso na mesma medida fora te deixaria contente?
Padre Marcelo Rossi - Na verdade eu quero evangelizar. Não importa o lugar. Poder levar a palavra de Deus com certeza me fará muito feliz.
G1 - Como artista com o disco mais vendido no Brasil em 2011, o que você acha da pirataria? O que diria a alguém que baixou o seu disco sem pagar?
Padre Marcelo Rossi - Eu não acho nada. Quem acha é a justiça. Pirataria é crime, crime é roubo, roubo é pecado. Por isso os religiosos sofrem menos com a pirataria. É uma falta de moral.
G1 - Você usa a internet no seu cotidiano?
Padre Marcelo Rossi - Meu irmão, eu sou apaixonado pela internet. Meu site tem cadastradas 2,6 milhões de pessoas. E no Facebook, na semana passada, eu fiz mensagens contra o alcoolismo. Atingi, entre visualizações e compartilhamentos, 4 milhões de pessoas. E desde que comecei a entrar no Facebook para valer, mais de 21 milhões de pessoas que acompanharam minhas postagens.
G1- Por falar em Facebook, você acompanhou a polêmica recente na internet do pastor que divulgou uma foto “cheirando” uma Bíblia?
Padre Marcelo Rossi - Não cheguei a ver. Eu compartilho as minhas coisas, mas ninguém me passou. Mas isso é um absurdo. Se me falasse que era um padre, eu ficaria preocupado. Meu Deus, onde nós estamos...
G1 - O G1 falou recentemente com oPadre Omar, que faz “samba oração”. Acha que isso é complicado também?
Padre Marcelo Rossi - Não, desde que seja uma obra de evangelização, não importa o ritmo. Desde que se leve a pessoa para Jesus sem escandalizar, tudo bem. No caso do pastor cheirando a Bíblia, você está levando a uma comparação com a droga. Jesus não é uma droga, é uma bênção. Acho que foi muito infeliz o pastor que fez isso. Tanto é que causou polêmica. Mas no caso do Padre Omar, tudo bem. No meu DVD eu uso também músicas mais animadas. “O meu lugar é o céu” é mais pop rock.
G1 - E como foi o seu encontro com o Padre Fábio de Melo, depois das críticas sobre uso da batina e cachê?
Padre Marcelo Rossi - Quando ele começou, não usava a batina, mas eu fui entender só depois que era um costume da ordem dele. E o hábito não faz o padre. E os frutos do trabalho dele são uma bênção, não posso falar mal do Padre Fábio de Melo. Então eu pedi desculpas, tanto que fez parte do DVD. Somos grandes amigos, não só agora, mas enquanto nossas vidas durarem nesse mundo.
G1 - Como tem fôlego para um show como o do DVD? Já se recuperou fisicamente? A gravação não deve ter sido fácil...
Padre Marcelo Rossi - Não foi brincadeira. Ainda estou em recuperação. Minha fisioterapeuta está aqui me esperando, tenho horário com ela. Mas na verdade, a preparação principal é espiritual, porque você mexe com sua parte emocional.
G1 - Você já disse que assistia a filmes de artes marciais enquanto se exercitava. O que assiste agora que está em recuperação?
Padre Marcelo Rossi - Para fazer esteira não dá para assistir filme de arte marcial. Eu procuro ver filmes religiosos e coisas que têm mais músicas. U2, por exemplo. O melhor deles, dos vários que tenho, é o “Go Home”. O DVD do Phil Collins na França é fantástico. É a última temporada que faz antes do Genesis. E agora ele não pode mais tocar bateria. Sabia disso, não é? Teve um problema na mão, uma grande perda, um dos maiores bateristas do mundo. Eric Claptontambém assisto. De brasileiros, Legião Urbana, Capital Inicial, Skank. Se eu estou correndo, tem que ter uma coisa que anime.